faq faq

Perguntas frequentes

O que é a deficiência de AAT?

A deficiência de AAT, por vezes designada apenas «alfa-1», é uma doença genética que afeta sobretudo os pulmões e o fígado. Caracteriza-se pela diminuição dos níveis séricos de uma proteína denominada alfa-1 antitripsina.1

O que é a DPOC e o que pode causá-la?

A doença pulmonar obstrutiva crónica, ou DPOC, é caracterizada por sintomas respiratórios persistentes, com uma limitação do fluxo de ar devido a disfunção das vias aéreas ou dos alvéolos.2 

A obstrução crónica do fluxo de ar pode resultar de destruição do parênquima (que provoca enfisema) ou de doença das pequenas vias aéreas (que provoca bronquite obstrutiva). Estas podem não ocorrer simultaneamente ou ao mesmo ritmo, mas são frequentemente causadas por inflamação crónica2

Quais são os principais fatores genéticos de risco de DPOC?

A deficiência de AAT é o principal fator genético de risco conhecido de DPOC, sobretudo de enfisema predominantemente basal.3

Quais são os sintomas respiratórios de deficiência de AAT?

Os sintomas respiratórios de deficiência de AAT, que são indistinguíveis da asma ou DPOC de origem tabágica, bronquite crónica e enfisema (normalmente em combinação)4,5 incluem:

  • Sibilância
  • Tosse
  • Produção excessiva de expetoração
  • Dispneia grave em esforço

A deficiência de AAT não pode ser diagnosticada apenas pela sua apresentação clínica e deve ser confirmada por análises laboratoriais.6-9

Quais são os riscos associados à deficiência de AAT?

  • Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC)8
  • Redução da esperança de vida8
  • Cirrose em bebés, crianças e adultos (com variantes genéticas específicas)8
  • Paniculite necrosante, uma doença de pele rara8
  • Doença de Wegener (vasculite)8

Quanto mais tempo a deficiência de AAT ficar por diagnosticar, maior é o risco de danos pulmonares irreparáveis.9,10

faq text 2

O que é a alfa-1 antitripsina (AAT) e para que serve?

O que é a alfa-1 antitripsina (AAT)?

A AAT é um inibidor da protease (Pi), uma enzima, um tipo de proteína que é produzida essencialmente no fígado. Durante uma resposta imune nos pulmões, resultante de infeção ou inalação de poluentes ambientais (ou fumo de tabaco), a AAT desloca-se para os pulmões.11

A AAT ajuda a equilibrar a resposta imune inibindo o excesso de elastase neutrofílica, que é uma outra enzima, que é libertada pelos neutrófilos (glóbulos brancos) durante a infeção. Esta resposta ajuda a proteger o tecido pulmonar contra a destruição causada pelo excesso de elastase neutrofílica.11

O que provoca doença pulmonar na deficiência de AAT?

Quando existe uma deficiência da proteína AAT, o equilíbrio entre as suas ações e a elastase neutrofílica é perturbado. O consequente excesso de elastase neutrofílica destrói lentamente os componentes da matriz pulmonar, as estruturas alveolares e os vasos sanguíneos, o que se manifesta como bronquite obstrutiva crónica e enfisema. Pensa-se que esta seja a principal causa de doença pulmonar na deficiência de AAT.11

faq genetic

Terminologia genética

O que é um gene? O que é um alelo? O que é um genótipo? O que é um fenótipo?

Um gene é geralmente definido como a sequência de ácido nucleico que codifica a informação necessária para a síntese de uma molécula, normalmente uma proteína12 Os genes estão fisicamente situados nos cromossomas em locais específicos, ou loci (plural; singular locus).13

Um alelo é uma das muitas possíveis formas alternativas de um gene.13

O genótipo refere-se frequentemente à combinação de alelos de um indivíduo presente num locus específico.13

O fenótipo refere-se à manifestação física do genótipo.13

No exemplo seguinte, são apresentados dois indivíduos, um com o genótipo PiZM e outro com o genótipo PiZZ.

Gene Locus Alelos Genótipo Fenótipo
SERPINA1 Braço longo do cromossoma (14q32.13) PiZ
PiM
PiZM Deficiência de AAT ligeira, risco ligeiramente aumentado de doença pulmonar ou hepática; portador capaz de transmitir o PiZ aos seus descendentes.1,14
PiZ
PiZ
PiZZ Deficiência de AAT grave, risco aumentado de doença pulmonar ou hepática; portador capaz de transmitir o PiZ aos seus descendentes.1,14

faq AAT deficiency

Rastreio e testagem de deficiência de AAT

Como é diagnosticada a deficiência de AAT?

De acordo com as diretrizes da European Respiratory Society (ERS), o nível quantitativo de AAT no sangue é normalmente o primeiro passo para identificar a deficiência de AAT. No entanto, normalmente é necessária a testagem adicional com uma mancha de sangue seco (MSS) ou um cotonete bucal para a genotipagem da AAT.7

Como a AAT é uma proteína de fase aguda, ou seja, os níveis aumentam durante os processos infecciosos, é necessária a quantificação da proteína C-reativa em simultâneo com a da AAT, a fim de não sobrestimar os níveis de AAT.7

Este problema é resolvido utilizando a fenotipagem ou genotipagem da proteína.7

Qual é a diferença entre rastreio e diagnóstico?

O diagnóstico, que é a primeira fase na gestão clínica de um doente, envolve a interpretação do historial, das observações clínicas e das análises laboratoriais de um doente – exames que ajudam a determinar a probabilidade de um diagnóstico.15 

O rastreio é a aplicação sistemática de um teste para identificar indivíduos em risco suficiente de terem uma doença específica, que pode exigir exames complementares de diagnóstico (p. ex. o tipo de teste que pode levar a um diagnóstico).15

Qual é a diferença entre genotipagem e sequenciação? Em que situações devo utilizar uma e a outra?

A genotipagem refere-se à deteção de mutações de AAT conhecidas, normalmente as variantes S e Z. Só permite detetar variações conhecidas da sequência, dado tratar-se de um processo que requer instrumentos moleculares específicos, denominados «primers», para detetar variantes conhecidas. Permite detetar alelos «nulos».7

A sequenciação completa do gene pode ajudar a identificar variantes novas e raras para as quais não existam primers.7

resources AAT

AAT: alfa-1 antitripsina

faq references

Referências

  1. Stoller JK, Hupertz V, Aboussouan LS. Alpha-1 Antitrypsin Deficiency. 2006 Oct 27 [Updated 2023 Jun 1]. In: Adam MP, Mirzaa GM, Pagon RA, et al., editors. GeneReviews® [Internet]. Seattle (WA): University of Washington, Seattle; 1993-2023. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1519/
  2. Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. Global strategy for the diagnosis, management, and prevention of chronic obstructive pulmonary disease. 2020 [Updated]. Available at: http://goldcopd.org/gold-2017-global-strategy-diagnosis-management-prevention-copd/.
  3. World Health Organization. Alpha 1-antitrypsin deficiency: memorandum from a WHO meeting. Bull World Health Organ. 1997;75(5):397-415.
  4. Rachelefsky G, Hogarth DK. Issues in the diagnosis of alpha 1-antitrypsin deficiency. J Allergy Clin Immunol. 2008;121(4):833-8.
  5. Strange C, Stoller JK, Sandhaus RA, et al. Results of a survey of patients with alpha-1 antitrypsin deficiency. Respiration. 2006;73(2):185-90.
  6. Stockley JA, Ismail AM, Hughes SM, et al. Maximal mid-expiratory flow detects early lung disease in a1-antitrypsin deficiency. Eur Respir J. 2017;49(3).
  7. Miravitlles M, Dirksen A, Ferrarotti I, et al. European Respiratory Society statement: diagnosis and treatment of pulmonary disease in α1-antitrypsin deficiency. European Respiratory Journal. 2017;50(5).
  8. ATS, ERS. American Thoracic Society/European Respiratory Society statement: standards for the diagnosis and management of individuals with alpha-1 antitrypsin deficiency. Am J Respir Crit Care Med. 2003;168(7):818-900.
  9. Campos MA, Wanner A, Zhang G, et al. Trends in the diagnosis of symptomatic patients with alpha1-antitrypsin deficiency between 1968 and 2003. Chest. 2005;128(3):1179-86.
  10. Vidal R, Blanco I, Casas F, et al. Guidelines for the diagnosis and management of alpha1-antitrypsin deficiency. Arch Bronconeumol. 2006;42(12):645-59.
  11. Köhnlein T, Welte T. Alpha-1 antitrypsin deficiency: pathogenesis, clinical presentation, diagnosis, and treatment. Am J Med. 2008;121(1):3-9.
  12. Lodish H, Berk A, Zipursky S. Molecular Definition of a Gene. 2000. In: Molecular Cell Biology [Internet]. New York: W.H. Freeman. Available at: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK21640/.
  13. Elston RC, Satagopan JM, Sun S. Genetic terminology. Methods Mol Biol. 2012;850:1-9.
  14. Silverman EK, Sandhaus RA. Clinical practice. Alpha1-antitrypsin deficiency. N Engl J Med. 2009;360(26):2749-57.
  15. Gilbert R, Logan S, Moyer VA, et al. Assessing diagnostic and screening tests: Part 1. Concepts. West J Med. 2001;174(6):405-9.