what is list

Sobre a deficiência de alfa-1 antitripsina (AAT)

A deficiência de AAT, por vezes designada apenas «alfa-1», é uma doença genética que afeta sobretudo os pulmões e o fígado. Caracteriza-se pela diminuição dos níveis séricos de uma proteína denominada alfa-1 antitripsina.1 

A deficiência de AAT é o principal fator de risco genético de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), sobretudo enfisema predominantemente basal.2 A DPOC é caracterizada por sintomas respiratórios persistentes, com uma limitação do fluxo de ar devido a disfunção das vias aéreas ou dos alvéolos.3

Os sintomas respiratórios da deficiência de AAT são frequentemente indistinguíveis da asma ou DPOC de origem tabágica, bronquite crónica e enfisema (normalmente em combinação), incluindo:4,5

  • Sibilância
  • Tosse
  • Produção excessiva de expectoraçao
  • Dispneia grave em esforço

Riscos associados à deficiência de AAT:

  • Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC)6
  • Redução da esperança de vida6
  • Cirrose em bebés, crianças e adultos com variantes genéticas específicas6
  • Paniculite necrosante, uma doença de pele rara6
  • Doença de Wegener (vasculite)6
 

Não existem características clínicas que excluam o diagnóstico de deficiência de AAT, nem características clínicas, demográficas ou etárias que permitam prever um diagnóstico de deficiência de AAT.7 Por não poder ser diagnosticada exclusivamente com base no quadro clínico, a deficiência de AAT é subdiagnosticada e deve ser confirmada com análises laboratoriais.6,8-10

what is callout

Quanto mais tempo a deficiência de AAT ficar por diagnosticar, maior é o risco de danos pulmonares irreparáveis10,11

What is - What is

O que é a alfa-1 antitripsina (AAT)?

A AAT (a proteína) é um inibidor da protease (Pi), uma enzima que é produzida essencialmente no fígado. A AAT é continuamente produzida e transportada na corrente sanguínea, e pode ser encontrada em elevadas concentrações nos pulmões (Figura 1).12 Durante episódios de inflamação, infeção, cancro ou durante a gravidez, a produção de AAT fica aumentada, pelo que se sabe tratar-se de uma proteína de fase aguda.13

Qual a importância da AAT para proteger os pulmões?

A função mais importante da alfa-1 antitripsina é a inativação das enzimas proteolíticas nos pulmões (Figura 2). Essas enzimas são libertadas durante uma resposta imune, que é frequente, uma vez que os pulmões estão continuamente expostos a agentes patogénicos transportados pelo ar. Embora estas enzimas proteolíticas sejam essenciais para destruir os agentes patogénicos, se não estiverem controladas podem destruir o tecido pulmonar.12

Quando existe uma deficiência de AAT (Figura 3), o excesso destas enzimas proteolíticas, sobretudo da elastase neutrofílica, leva à destruição gradual dos componentes da matriz pulmonar, das estruturas alveolares e dos vasos sanguíneos. Esta destruição manifesta-se como bronquite obstrutiva crónica ou enfisema.12  

A AAT é crítica para proteger os pulmões

think carrusel

think what causes

O que provoca doença hepática na deficiência de AAT?

Determinadas variantes genéticas também estão associadas a doença hepática. Por exemplo, a variante PiZ faz com que a proteína AAT forme grandes polímeros que se acumulam nas células hepáticas, provocando lesão celular e morte celular.12

think what AAT

AAT: alfa1-antitripsina, DPOC: doença pulmonar obstrutiva crónica.

What is references

Referências

  1. Stoller JK, Lacbawan FL, Aboussouan LS. Alpha-1 antitrypsin deficiency. In: Pagon RA, Adam MP, Ardinger HH, et al. editors. GeneReviews(R). Seattle (WA)2006 (updated 2014).
  2. World Health Organization. Alpha 1-antitrypsin deficiency: memorandum from a WHO meeting. Bull World Health Organ. 1997;75(5):397-415.
  3. Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease. Global strategy for the diagnosis, management, and prevention of chronic obstructive pulmonary disease. 2020 [Updated]. Available at: http://goldcopd.org/gold-2017-global-strategy-diagnosis-management-prevention-copd/.
  4. Rachelefsky G, Hogarth DK. Issues in the diagnosis of alpha 1-antitrypsin deficiency. J Allergy Clin Immunol. 2008;121(4):833-8.
  5. Strange C, Stoller JK, Sandhaus RA, et al. Results of a survey of patients with alpha-1 antitrypsin deficiency. Respiration. 2006;73(2):185-90.
  6. ATS, ERS. American Thoracic Society/European Respiratory Society statement: standards for the diagnosis and management of individuals with alpha-1 antitrypsin deficiency. Am J Respir Crit Care Med. 2003;168(7):818-900.
  7. Sandhaus RA, Turino G, Brantly ML, et al. The diagnosis and management of alpha-1 antitrypsin deficiency in the adult (Clinical Practice Guidelines). Chronic Obstr Pulm Dis (Miami). 2016;3(3):668-82.
  8. Stockley JA, Ismail AM, Hughes SM, et al. Maximal mid-expiratory flow detects early lung disease in a1-antitrypsin deficiency. Eur Respir J. 2017;49(3).
  9. Miravitlles M, Dirksen A, Ferrarotti I, et al. European Respiratory Society statement: diagnosis and treatment of pulmonary disease in α1-antitrypsin deficiency. European Respiratory Journal. 2017;50(5).
  10. Campos MA, Wanner A, Zhang G, et al. Trends in the diagnosis of symptomatic patients with alpha1-antitrypsin deficiency between 1968 and 2003. Chest. 2005;128(3):1179-86.
  11. Vidal R, Blanco I, Casas F, et al. Guidelines for the diagnosis and management of alpha1-antitrypsin deficiency. Arch Bronconeumol. 2006;42(12):645-59.
  12. Köhnlein T, Welte T. Alpha-1 antitrypsin deficiency: pathogenesis, clinical presentation, diagnosis, and treatment. Am J Med. 2008;121(1):3-9.